O ano em que nasci, 1984, foi marcado pelo movimento
das Diretas já, a abertura política estava sendo fertilizada para que anos mais
tarde nascesse a nossa democracia.
Uma imagem que sempre me marcou muito foi de Covas,
FHC, Lula entre outros políticos e também artistas no “palanque”, discursando
em favor das Diretas.
Por que toda esta introdução? Porque eu gostaria de
saber onde estava o atual governador de São Paulo neste momento. E mais: ele
não tem respeito pela história e luta que foi também de seus companheiros de
partido?
(Seja lá qual for a classe social que tal partido
represente, nada justifica a violência da Policia Militar de São Paulo nas
manifestações na capital).
A falta de respeito demonstrada pelos
administradores públicos à História e à democracia brasileira me faz questionar
se realmente saímos da ditadura militar ou se ela apenas mudou sua forma (estou
sendo muito inocente em pedir respeito à história neste país que não julgou os
crimes da ditadura?).
***
Nestes dias de manifestações contra os aumentos nas
passagens que ônibus, li alguns textos, e alguns pontos me chamaram a atenção,
como por exemplo, a legitimidade das ações (refiro-me ao tal vandalismo): que
nenhum tipo de violência é justificável, apesar de um aparente clichê, é obviu,
mas esta em questão é explicável.
Engaiole um animal selvagem e fique o provocando
para ver se ele não o atacará quando solto (antes que digam que estou chamando
os manifestantes de animais vos digo que não o são, mas é inegável que o poder
público vem nos tratando de uma maneira que não se deve tratar nem animais).
Então os policiais têm uma explicativa para o uso da
violência por que são subjulgados por seus superiores? Para responder esta,
pedirei licença a uma história contada por Sidney Magal à Marília Gabriela numa
entrevista. Quando ele serviu o exército durante a ditadura ele disse (mais ou
menos assim) a um superior: “me coloque nesta não, pois eu me recuso a bater em
estudante”.
Outro ponto que me chamou a atenção foi “do por que
estariam fazendo as manifestações, se eles têm uma causa? Neste mundo de alta
tecnologia, liberdades, blábláblás, há o que se reivindicar?”.
Confesso que nestes últimos anos, vinte talvez,
principalmente no Brasil houve um certo marasmo político dos jovens que
acreditavam talvez que não havia nada a ser conquistado, que a máquina democrática
por si só já resolveria todos os problemas. Mas como nunca é tarde pra se
acordar... Ah! E mesmo que muitos estejam ainda em seus quartos, já estão
preparados pra ir às ruas.
***
Sempre tive uma saudade de um tempo que não vivi: os
tempos da ditadura onde “se tinha por que lutar”, mas agora que a máscara da “perfeição
social” advinda do fim da ditadura caiu, sei que aquela imagem dos políticos no
palanque sumirá, e será substituída pela imagem dos jovens nas ruas, lutando, e
genuinamente, por um mundo melhor, e hoje mais que nunca, eu
acredito é, em nós, (n)a rapaziada...
Um beijo do Magro, fui...
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